Nesta terceira edição do Fora da Caixa, no mês em que a Academia Brasileira de Letras (ABL) celebra seu 120º aniversário, propomos uma reflexão sobre campo literário nacional, a partir de um olhar atento às suas margens, às suas presenças latentes. Guiando-nos pela ideia de que a construção da cena literária produz incontáveis exclusões, vazios historiográficos e distorções, enfatizaremos a trajetória de duas escritoras brasileiras que, como tantas outras, conquistaram reconhecimento em vida, mas, ainda hoje, não adquiriram a visibilidade e o grau de consagração compatíveis com a importância de seu legado.
São elas a carioca Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), considerada a escritora mais publicada de nossa Primeira República e primeira mulher a ser cogitada a integrar a ABL, na qualidade de membro-fundadora; e a mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977), cuja história de vida sintetiza as contradições de uma sociedade atravessada por preconceitos de classe, raça e gênero. Apesar de percursos sociais e literários marcadamente distintos, ambas partilhavam do desejo de fazer da escrita um ofício e enfrentaram, cada uma a seu modo, barreiras e impedimentos diversos em suas buscas pela profissionalização.
Para a construção deste diálogo colaborativo, o Fora da Caixa recebe a mestre e doutora em Sociologia pela USP Michele Asmar Fanini, e o escritor, doutor em ciências pela UNICAMP, com pós-doc pela USP Paulo Roxo Barja.
Um enfoque na trajetória das escritoras Júlia Lopes de Almeida e Carolina Maria de Jesus
Logo após o Fora da Caixa, os convidados irão lançar suas novas publicações no Parque Vicentina Aranha.
Um Corel a Carolina é uma biografia ilustrada em homenagem a escritora Carolina Maria de Jesus. A obra é composta por ilustrações de Cláudia Regina Lemes, oriundas de uma exposição de arte idealizada por Cláudia; e textos Paulo Roxo Barja, um cordel biográfico em homenagem à escritora.
A (in)visibilidade de um legado (Intermeios/FAPESP), de Michele Asmar Fanini, traz a público um repertório de textos dramatúrgicos inéditos de autoria da escritora carioca Júlia Lopes de Almeida. Os textos oferecem uma pintura multicolor de certas práticas e costumes urbanos característicos da sociedade brasileira da transição do século XIX para o XX, com temas como a escravidão, a educação e a profissionalização femininas, a assimetria das relações de gênero, a estratificação social e o preconceito de classe, as conveniências sociais, dentre outros.
Data: 13/07 – Quinta-feira
Horário: 19h
Local: Sala de Leitura Réginaldo Poeta
Entrada Franca